quarta-feira, 27 de maio de 2009

SETI detecta estranho pulso espacial...

Após 20 anos caçando sinais alienígenas vindos do espaço, técnicos do Projeto SETI (SEarch for Extraterrestrial Intelligence) que buscam sinais de inteligências extraterrestres através de radiotelescópios estão comemorando a descoberta de um repentino misterioso pulso, registrado pelo computador de leituras. Um pulso regular, surgido em meio aos ruídos aleatórios do cosmos, sugerindo que alguma inteligência muito desenvolvida, situada num extremo oposto, está a enviar uma mensagem.

 

Ragbir Bhathal, astrofísico da Universidade de Western Sydney, na Austrália (a única universidade habilitada a conceder curso sobre o SETI no país) detectou um claro sinal na última noite de dezembro de 2008. Mas, em vez de comemorar tomando champanhe ou alardeando a descoberta na mídia, ele aguardou por quase seis meses até tornar pública a sua descoberta.

 

Bhathal pesquisou se não ocorreu algum tipo de erro nos instrumentos ou se o sinal não seria de algum fenômeno físico corrente ou se era simplesmente um “ruído aleatório” procedente do espaço. O astrofísico passou os últimos meses investigando meticulosamente se a assinatura reconhecida foi causada por alguma anomalia na instrumentação.

 

Mesmo se ele detectar o sinal novamente - ele tem feito as buscas no céu quase que diariamente desde o ocorrido - o crivo científico dita regras, as quais ele precisará rever todo o processo antes que possa emitir o seu anúncio oficialmente para o mundo. “E aí temos um monte de se...”, admite Bhathal.

 

Planetas extrasolares

 

A procura por vida extraterrestre, foi impulsionada pela descoberta por cientistas suíços no mês de abril/2009, de um planeta não muito diferente dos nossos conhecidos planetas rochosos, situado a 20 anos-luz da Terra, o Gliese 581e, que integra uma lista com cerca de 350 planetas extrasolares descobertos durante as últimas décadas.

 

Embora Gliese 581e esteja muito perto de seu sol, é o primeiro planeta que, acredita-se, seja rochoso como o nosso, porém, ao contrário da Terra, é super quente, fato que não o impede de abrigar também gases e gelo.

 

Com o lançamento do telescópio espacial Kepler, da NASA, especificamente concebido para detectar pequenos planetas do tipo terrestre, os astrônomos estão confiantes de que a descoberta de um planeta azul, orbitando a chamada zona ranúnculo, onde a água líquida pode suportar vida, se torne uma possibilidade mais real a cada dia. Mas o astro continuará a ser sondado por telescópios terrestres para confirmar a sua massa planetária, com base em informações de telescópios espaciais, como o Kepler, que pode reproduzir o seu diâmetro aproximado.

 

Sinais de vida inteligente no espaço

 

Para os astrônomos, a busca do SETI não é válida somente para a descoberta de planetas semelhantes à Terra, mas sim, por vida inteligente o suficiente para transmitir sinais significativos em toda uma vasta extensão do espaço. Por mais de 40 anos, a procura por transmissões via radiotelescópio tem sido obstinação para dezenas de milhões de monitoramentos de sinais de rádio em diferentes partes do céu noturno, mas, até agora, os resultados foram rejeitados por qualquer padrão científico.

 

Têm ocorrido inúmeros alarmes falsos – como, a detecção de curtas ou intensas rajadas de energia eletromagnética que poderiam ser transmitidas por uma avançada civilização - que mais tarde demonstraram ter causas em outros fenômenos cósmicos, como os quasares.

 

A crença de que uma civilização extraterrestre poderia estar também a detectar os nossos sinais de rádio e televisão espalhados pelo espaço tem sido frustrada pela recente descoberta de que tais sinais não são (como se acreditava em outrora) capazes de chegar ao espaço profundo; eventualmente, eles tornam-se tão fracos que desaparecem em meio ao rugido eletromagnético espacial.

 

Ragbir Bhathal declarou que, “A NASA utiliza lasers para comunicar no espaço, de modo que, não é tão descabido imaginar que uma civilização extraterrestre poderia também usá-los”.

 

Em parte, esta é a razão pela qual o projeto OZ OSETI (versão óptica do SETI), encabeçado por vários cientistas dos EUA tornou a tecnologia laser de pulso no mais ambicioso esforço para a detecção de um sinal do tipo exótico. “Para uma civilização avançada, a onda de rádio pode ser apenas uma antiga tecnologia”, afirma Bhathal. Ele conclui que, “Tenho um forte sentimento de que, se existirem mesmo(inteligências extraterrestres), tais civilizações poderiam enviar sinais por impulsos laser ou laser pisca”.

 

Clarke sugeriu sinais luminosos

 

Em 2000, o já falecido escritor de ficção científica Arthur C. Clarke, ex-patrono do projeto SETI na Austrália, aconselhou Bhathal a “emitir o melhor espectro, a luz”, ou seja, o laser ou tecnologia semelhante, para buscar contato com inteligências extraterrestres.

 

Em termos de tecnologia terrestre, na atualidade, temos alcançado um máximo de 1015 watts de potência laser para um breve período, enquanto uma avançada civilização poderia ter lasers com poderes de 1025”, afirmou o astrofísico. Ele admite, porém, que a nossa incapacidade para captar qualquer sinal interestelar até agora, poderá significar que civilizações avançadas estejam usando uma outra técnica, a qual ainda não descobriu ainda os sinais de comunicações emanados a partir da Terra. Mas, o cientista alerta, “É arriscado julgar tudo isso com base em nossa própria tecnologia”.

 

A pesquisa de campo do projeto OZ OSETI se estende até 100 anos-luz da Terra, o que se torna uma curta caminhada em termos galácticos, mas um espaço suficientemente grande para conter, pelo menos, 1000 estrelas e possivelmente 20 mil planetas.

 

Embora a descoberta de planetas situados fora do nosso sistema solar tenha dado peso à ideia de que o Universo pode ser cheio de vida – polvilhadas incompreensivelmente por toda uma vasta área cósmica - é um ponto que coloca astrônomos em desacordo. Por exemplo, com que frequência se juntam os ingredientes para se formar a vida em um planeta rochoso, situado perto de uma grande estrela?

 

Deveria haver lotes de planetas como o nosso, onde a vida brotaria a partir de regras e não de um milagroso acidente químico. Em 1960, Frank Drake, agora professor de astronomia na Universidade de Southern Califórnia, estimou que poderia haver até um milhão de civilizações tecnológicas somente na Via Láctea. Mas Bhathal acredita que, “Ainda estamos longe de ter capacidade para argumentarmos de modo sensato sobre as formas com que a vida pode ser criada no espaço”.

 

Diferentes massas planetárias

 

O que sabemos é que o nosso sol se trata de uma estrela perfeitamente normal, situada numa ilha onde há rotações de outras 100 bilhões de estrelas. Por sua vez, a Via Láctea é apenas uma entre 100 milhões (ou mais) de galáxias situadas no Universo observável. As leis da matemática pesam a favor da ideia de que não estamos sós no cosmos. Além disso, a descoberta de mais de 300 planetas extrasolares sugere que sistemas solares como o nosso não sejam tão incomuns. É muito provável que os pequenos planetas rochosos (a princípio, propícios a abrigar vida) sejam mais comuns do que os gigantes gasosos, que são mais fáceis de se encontrar.

 

Com pouca massa, os planetas são muito difíceis de serem encontrados porque têm um menor doppler de amplitude”, afirma Chris Tinney, lotado no departamento de astrofísica da Universidade de NSW. “O insucesso pode também significar que não estamos olhando para o lado correto. Mas agora estamos certos de que planetas com pouca massa são mais comuns. Para tanto, o telescópio espacial Kepler, sem dúvida, irá nos ajudar”, conclui.

 

Novas tecnologias de varredura

 

Tinney explica que, embora as técnicas básicas para a detecção de planetas tenham sido válidas durante algum tempo, o que revolucionou o campo tem sido as consideráveis melhorias tecnológicas nos espectrógrafos e no poder da telescópica. Ele informa que, “A busca por planetas extrasolares se tornou um atrativo para doadores privados nos EUA, os quais estão investindo muito dinheiro nisso”.

 

Outros projetos de telescópios espaciais (satélites), como o Allen Array – que posteriormente foi chamado de “Paul Allen”, em homenagem ao homônimo co-fundador da Microsoft, que doou US$ 13 milhões para a sua criação -, também estão em curso. Neste caso, a matriz utiliza 350 antenas para fazer a varredura da emissão de sinais de rádio a partir de objetos celestes, como os quasares.

 

A sonda Pioneer 10, lançada em 1972, incluiu em seu corpo uma placa de alumínio onde estão gravadas figuras humanas, além de um desenho do nosso sistema solar e um esboço da dita sonda. O último e extremamente fraco sinal enviado por este surpreendentemente e robusto aparato foi recebido em 2006. Caso a Pioneer 10 ainda navegue no espaço, provavelmente se encontra em algures, num espaço interestelar considerado nulo e já bastante distante do nosso sistema solar.

 

Exobiologia, a vida lá fora

 

Com a descoberta de mais planetas extrasolares, a relativamente nova ciência da exobiologia, dedicada ao estudo da vida extraterrestre, ganhou brilho e respeitabilidade científica.

 

Mas o campo ainda está tentando superar o estigma UFO, lamenta Ain de Horta, cientista australiano do SETI. Para ele, “Ainda existem na comunidade científica aqueles que torcem seus narizes para nós, mas isso se torna cada vez mais incomum nos dias de hoje. Há um crescente reconhecimento de que essa ciência é importante, pois carrega consigo o potencial para responder a uma das questões mais fundamentais que a humanidade enfrenta. Aqueles que nos vêem como simples caçadores de UFO tendem a não ser cientistas. Nós acreditamos que a física seja a mesma noutras partes do Universo”.

 

De Horta também acredita que, “Se uma civilização extraterrestre desenvolveu tecnologia é susceptível de a mesma ser baseada na maioria dos nossos mesmos princípios. Desta forma, tal como nós, por exemplo, teriam também descoberto as ondas de rádio”.

 

Mesmo assim, de Horta admite que a vida noutros locais do Universo poderia se assemelhar a tudo o que não sabemos sobre a Terra. Neste caso, a vida poderia ser moldada por diferenciadas características, além de gravidades e situações climáticas completamente à parte dos nossos padrões científicos.

 

A relatividade nos possíveis contatos

 

Em qualquer caso, é altamente improvável que veremos tais seres inteligentes de perto ou que nos reunamos com eles, mesmo através de uma viagem espacial. Ainda que ocorresse como no filme Star Trek, provavelmente, não iríamos manter um contato direto com tais inteligências, antes de alguns milhares de anos. Por exemplo, uma simples conversa bidirecional levaria décadas, através da nossa tecnologia atual. E mesmo que essa conversa aconteça, segundo Horta, precisaríamos que tais seres inteligentes estejam à altura da nossa tecnologia e, sobretudo, que a nossa transmissão de sinais possa ser detectada pela outra parte. Além disso, o cientista afirma que, “Toda a argumentação acerca da comunicação interestelar depende da longevidade de uma espécie e da sua utilização de uma tecnologia que seja reconhecível para nós”, diz ele.

 

O que os envolvidos no SETI em todo o mundo têm em comum é a paixão por se descobrir mundos habitados por alienígenas. Bhathal sabe que a chance de encontrar algo considerável no extenso tempo e espaço em que ele está realizando a varredura pode ainda não ser suficientemente ampla para se produzir alguma conquista nesse campo, mas ele está determinado a manter os olhos no céu.

 

Creio que deve haver outros mundos como a Terra. Senão o que teremos? Um lote inteiro de espaço desperdiçado”, arremata o astrofísico.

 

Fonte: http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/astrov/seti.htm

Texto Original: http://www.theaustralian.news.com.au/story/0,25197,25448647-30417,00.html


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